Nota ao PSOL sobre as alianças no segundo turno em Macapá
Nas eleições de 7 de outubro, o PSOL conquistou uma vitória política indiscutível. Apresentando-se pela esquerda, o partido ampliou de forma muito significativa suas votações; elegeu um prefeito (no município de Itaocara, no estado do Rio de Janeiro), passou ao segundo turno em duas capitais – Belém e Macapá – e obteve grandes votações em outras capitais e nas maiores cidades (com destaque para Rio de Janeiro, Fortaleza, Florianópolis, Niterói) e vitórias políticas importantes como em Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Maceió e Natal; ampliou de forma expressiva sua bancada de vereadores. Tudo isto, apresentando-se pela esquerda, demarcando tanto com os partidos da direita tradicional como com o bloco dos apoiadores do governo federal.
É neste quadro que fomos surpreendidos pelas informações sobre as alianças que estão sendo articuladas para o segundo turno em Macapá. Diversos órgãos de imprensa do Amapá divulgaram, no dia 12/10, a realização de um ato político em que o candidato a prefeito pelo DEM e pela coligação “Macapá Melhor” (DEM-PTB-PSDB-PRP), o deputado federal Davi Alcolumbre, apoiou Clécio Luís (PSOL), selando uma aliança. O Candidato do DEM declarou que “nossas propostas foram incorporadas ao plano de governo de Clécio”. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL) declarou que esta não é apenas “uma aliança política, e sim um caminho novo para a política no Amapá; é uma aliança para ganhar a Prefeitura no último domingo deste outubro, mas é também para governar em conjunto, unindo ideias e propostas de Clécio e demais lideres para Macapá dar a volta por cima”.
Estiveram presentes os principais representantes no Amapá do DEM, do PTB e do PSDB. Um dos representantes do PTB presentes foi o vereador eleito Lucas Barreto, candidato ao governo do Amapá em 2010, quando foi apoiado por Clécio e Randolfe, na contra-mão do PSOL nacional. Outro presente foi o prefeito eleito de Santana, Robson Rocha (PTB), candidato que recebeu o apoio público do senador Randolfe Rodrigues desde o primeiro turno. E também o presidente do PSDB, Jorge Amanajás, que já tinha dado apoio a Clécio desde o primeiro turno. Todas estas lideranças destes três partidos são ligadas a José Sarney.
Três dias depois da divulgação destas informações, o companheiro Clécio Luís enviou uma “Mensagem às companheiras e companheiros do Partido Socialismo e Liberdade” em que, no fundamental, confirma as informações divulgadas pela imprensa do Amapá.
Ora, o PSOL de todo o país, que acabou de brilhar com uma campanha eleitoral de esquerda, não merece uma agressão como esta que está sendo feita contra ele. É evidente que a candidatura a prefeito de um deputado federal do DEM, apoiada por DEM, PTB e PSDB, só pode ser uma candidatura de direita, da qual não devemos buscar o apoio, e com a qual, muito menos, podemos fazer qualquer aliança programática. Tampouco faz nenhum sentido fazer com estes partidos uma “aliança pela moralidade”. DEM, PTB e PSDB estão na lista de partidos com os quais o DN do PSOL proibiu qualquer aliança nas eleições de 2012. Se esta aliança se mantiver, representará uma mancha que envergonhará e indignará todo o PSOL; obviamente, não se trata de um assunto do PSOL do Amapá apenas.
Um partido cuja razão de ser é representar uma alternativa de esquerda à adaptação da maior parte da antiga esquerda brasileira ao social-liberalismo não pode tolerar esta aliança em Macapá, sob pena de se desmoralizar e de comprometer todo o seu discurso político. A desastrada política encaminhada em Macapá deve ser revertida, ou os responsáveis por ela deverão ser sancionados pelo partido. Se não adequarem sua atuação à linha do partido, não deverão ter lugar nas suas fileiras.
Por meio desta nota, nós, dirigentes nacionais do PSOL, manifestamos nosso total desacordo com o apoio do DEM, do PSDB e do PTB ao candidato de nosso partido à prefeitura de Macapá. O apoio destes partidos, mesmo no segundo turno nestas eleições municipais, não é bem vindo, já que representam forças de direita com as quais não queremos nenhum tipo de proximidade política.
Para que possamos oficializar esta posição como posição do partido, reivindicamos que o presidente nacional do PSOL, deputado Ivan Valente, não apenas se pronuncie sobre o assunto (afinal, cabe à Executiva Nacional e, em especial ao seu presidente, garantir o cumprimento das decisões do Congresso e do DN), como também convoque imediatamente a Executiva Nacional para deliberar. Caso isso não ocorra, os signatários desta nota utilizarão os meios estatutários para garantir a defesa do partido.
16 de outubro de 2012
André Ferrari
Antônio Neto
Brice Bragato
Camila Valadão
Carlos Gianazzi
Daniela Conte
Douglas Diniz
Eduardo D’ Albegaria
Enrique Morales
Fernanda Melchiona
Fernando Silva (Tostão)
Gelsimar Gonzaga (Prefeito eleito de Itaocara-RJ)
Israel Dutra
João Batista Babá
João Machado
João Alfredo
Jorge Almeida
José Campos
Juliana Fiuza
Leandro Recife
Luciana Genro
Mariana Riscali
Mario Agra
Michel Oliveira
Nancy Oliveira
Nonato Masson
Pedro Fuentes
Pedro Maia
Raul Marcelo
Roberto Robaina
Sandro Pimentel
Silvia Santos
Tárzia Medeiros
Veraci Alimandro
Zilmar Alverita
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
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