Por Diogo Ramalho - De O miraculoso
Atuando a anos como uma empresa pública na teoria, funcionando semelhante a uma fundação de apoio e na prática tendo em seus quadros majoritáriamente empregados terceirizados que não gozam dos direitos trabalhistas de um empregado público, e que lidam com responsabilidades milionárias, realmente esta anomalia precisava ser resolvida, mas não da forma como está sendo realizado, retirando das mãos da Acadêmia e entregando de bandeja à burocracia estatal, ao mesmo tempo em que ocultam-se outros interesses que estão em jogo.
A retirada do CESPE da UnB para as as mãos do Governo Federal implica diretamente em transferir muito mais do que a mina de ouro que o CESPE representa para o custeio das atividades de ensino, pesquisa e extensão da UnB, nada menos que 62% do orçamento total da Universidade, (262milhões de reais) mas implica também na transferência para as mãos diretas do Estado de um instrumento de ideologização e persuasão sobre todos os segmentos da sociedade, que prestam exames de seleção para vestibulares, exames nacionais como o ENADE, OAB e etc, dentre os concursos públicos em todas as esferas da União.
Para se ter uma ideia da grandiosidade do CESPE hoje, basta lembrar que no mês passado ele realizou o que ficou registrado como O Maior Concurso Público do Mundo, o dos Correios, com quase 2 milhões de inscritos. E não podemos esquecer do Exame Nacional do Ensino Médio que voltou às mãos do CESPE no ano passado, depois de seguidas trapalhadas do INEP-MEC deixando evidente a necessidade de uma “empresa” do porte do CESPE para realizar o ENEM.
ENEM este que com seu recorde de 6 milhões de inscritos para este ano, tem como meta o mesmo que se quer com a doação do CESPE ao controle do Governo Federal, que é vir a ser a porta única de entrada para o Ensino Superior Público ou Pago, um monopólio a mais que visa extinguir as seleções que cada Universidade Federal sempre realizou com seu próprio Centro de Seleção, quando cada Universidade adotava o próprio conteúdo no seu exame de ingresso, com viés na abordagem programática priorizando as regionalidades e a história de cada Estado da Federação, que com a substituição geral pelo ENEM, fica monopolizado na mão do Governo Central.
Não há como negar que o Estado brasileiro está cada vez mais totalitário no sentido de infiltrar-se monopolizando cada vez mais diversos segmentos persuasivos da sociedade. Os concursos e exames de seleção são alguns deles.
E na UnB a relação íntima entre Governo e Reitoria é tão explicito, para além do fato de que o Magnífico Reitor e sua Equipe são majoritariamente do Partido dos Trabalhadores - PT, o acordo para a entrega do CESPE ao Governo Federal foi rápido e fácil, com mais de 120 obras prometidas na UnB, a maioria prevista para inaugurar somente em 2012, ano da tentativa de re-eleição do atual Reitor, foi fácil promover um mercado de obras e ter os votos fundamentais no CONSUNI para a aprovação do fim do CESPE UnB sem muita resistência.
Muito mais que um instrumento para inserir ideias no consciente popular, através dos textos e conteúdo das questões de prova, o novo CONCURSOBRÁS significará a curto prazo o monopólio dos exames de seleções e avaliações gerais em todo o País na mão do Governo Central que estiver ocupando o Planalto.
Diante de um silêncio nefasto, a comunidade da UnB assiste passivamente o jogo político que se arquiteta entre a companheirada do mesmo grupo, que domina hoje UnB, GDF e Brasil, e quer concentrar totalitariamente o máximo de monopólios possíveis, principalmente os que dizem respeito ao controle e indução das ideias.
Diogo Ramalho – estudante da UnB
Jornal O MIRACULOSO
www.miraculoso.com.br
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