quinta-feira, 23 de junho de 2011

Vivemos uma nova situação mundial. Boletim Internacional do PSOL - n° 7 – junho/2011


Vivemos uma nova situação mundial.

 Pedro Fuentes, secretário de relações internacionais do PSOL.
 Neste Boletim da Secretaria de Relações Internacionais n° 7 apresentamos uma série de artigos sobre a Europa e o mundo árabe. A recorrência dos temas tem um motivo mais que justo: os acontecimentos mundiais de 2011 revelam um alto dinamismo, muito superior ao período que vivíamos antes da crise econômica. O mediterrâneo parece concentrar as contradições mais agudas do sistema capitalista, e também os movimentos mais intensos da luta de classes.
Duas notícias dominam a cena européia. As idas e vindas do pacote de “ajuda” a Grécia, que envolvem novas rodadas de empréstimos impagáveis, e ajustes fiscais que recairão sobre a vida dos trabalhadores gregos.  Os investidores alemães e franceses estão fazendo de tudo para evitar a quebra do governo grego, pois as conseqüências de uma moratória serão devastadoras. Está posta a perspectiva de um Lehman Brothers europeu. Contudo, para além da análise econômica, a Europa vive uma crise política e social de alta complexidade. Os ajustes fiscais na periferia da Europa (os PIIGS) acirra a luta de classes.
O jornalista americano que ficou célebre pela frase dirigida a George Bush – “É a economia, estúpido!” – pode ser parafraseada: “É a luta de classes, estúpido!”.  As mobilizações do 19-J na Espanha (ver artigos) e as da praça  Syntagma na Grécia expressam um salto nas ações e na consciência das massas. São ações diretamente políticas contra os governos que se submetem às exigências do mercado financeiro. Grécia e Espanha estão deixando de ser pequenos problemas para se tornarem os terrenos mais críticos da crise econômica mundial. A Europa é o continente mais revolucionária da história. Os trabalhadores gregos já realizaram uma revolução esmagada pela ocupação nazista, e a Espanha carrega a tradição da luta pela república. A nova consciência se movimenta em atos de rua, acampamentos, praças tomadas, marchas gigantes. Como escreveu Negri, há um novo republicanismo na Espanha, efetivo, que enxerga a incompatibilidade entre democracia e mercado financeiro.
Ao mesmo tempo, cruciais novos fatos ocorrem no mundo árabe . Nesse boletim abordamos o Egito, a Síria e o Iêmen. Aqueles que pensavam que as mobilizações do Egito e da Tunísia eram apenas “rebeliões”, estão sendo corrigidos pelos fatos históricos. A revolução árabe se engrandece, aprofunda seu caráter social e igualitário e, principalmente, manifesta seu viés anticapitalista. Na Síria, ocorre uma nova demosntração emocionante do heroísmo das massas árabes, que parecem não ter medo de morrer uma por uma causa comum. São meses de enfrentamento, semanas de luta feroz nas ruas, mais de 1300 mortos, incontáveis detidos. Em Casablanca, Marrocos, ocorreu uma manifestação com mais de 20 mil, um sinal de que o Magreb e o Oriente Médio não vão se tranqüilizar enquanto não conquistarem seus direitos democráticos, políticos, civis, econômicos e sociais. As mulheres da Arábia Saudita também se levantaram contra a opressão do mundo islâmico fundamentalista.
Quanto tempo o regime sírio pode durar? Quanto tempo no Iêmen? Não se pode saber… mas cada vez mais a totalidade do processo determina cada uma das suas partes.
 A luta de classes e a totalidade dos processos históricos, princípios do marxismo, explicam também porque o eixo é o mediterrâneo: a Europa e o mundo árabe estão cada vez mais ligados, faces da mesma crise. A revolução árabe contagiou os jovens europeus, espanhóis, gregos. O aprofundamento da crise econômica européia também repercute nos países que dela dependem no norte da África. O signo do período é a crise, e as possibilidades de revoluções tendem a aumentar.

150 mil “indignados” em Madrid apelam à Greve Geral

Em Esquerda.net
 Respondendo à convocatória do movimento 15M, mais de 150 mil manifestantes ocuparam neste domingo a Praça de Netuno, em Madri, para expressar a sua oposição aos planos de austeridade defendidos pelo FMI e pelo Banco Central europeu e aos sistemas político e financeiro, apontados como principais culpados da crise econômico-financeira. Em Barcelona, outras 270 mil pessoas saíram às ruas. Valência também registrou protestos com milhares de manifestantes. Na França, 100 pessoas foram detidas em Paris quando protestavam em frente da Catedral de Notre Dame. ……LEIA MAIS

Uma contra-revolução silenciosa em curso na Europa

Por Thomas Coutrot, Pierre Khalfa, Verveine Angeli e Daniel Rallet
A nova Governança Europeia visa colocar sob maior vigilância os orçamentos nacionais para reforçar as sanções contra os estados em déficit excessivo e limitar o crescimento dos gastos públicos. O pacto para o euro visa aumentar a flexibilidade do trabalho para evitar aumentos de salários e reduzir os gastos com a proteção social. A Grécia está no seu terceiro plano no espaço de um ano e viu a sua dívida e o seu déficit crescerem ao ritmo do empobrecimento da população. O mesmo destino aguarda a Irlanda, Portugal e Espanha. O artigo é de Thomas Coutrot, Pierre Khalfa, Verveine Angeli e Daniel Rallet. ……LEIA MAIS 

19-J: indignação massiva

Por Josep Maria Antentas, professor de sociologia na Universitat Autònoma de Barcelona. Por Esther Vivas, membro do Centro de Estudios sobre Movimientos Sociales da Universitat Pompeu Fabra. 
Os indignados apontaram, sem ambigüidades, que os mesmos que exigem as  políticas de cortes não as aplicam a si mesmo. A indignação superou a todos os cálculos, tomando massivamente as ruas, e mostrando a brecha aberta entre o mal estar social e as políticas nas instituições. Do 15M ao 19J, se acumulou forças e  teceu cumplicidades, e não só no local (acampamentos e bairros) senão com amplos setores sociais que se sentem identificados com esta critica tácita contra classe política e contra um sistema bancário e financeiro que é responsabilizado pela atual crise. O lema “não somos mercadoria nas mãos de políticos e banqueiros” sintetiza ambas demandas…….LEIA MAIS

15M: redes e assembléias

Por Antonio Negri 
Na última semana, estive na Espanha a trabalho. Estive naturalmente envolvido com os “indignados”: atravessei algumas praças e acampamentos, questionei e discuti com muitos companheiros. Quem são os “indignados”? Não pretendo responder — há dezenas de narrativas facilmente encontráveis sobre isso. Relato aqui somente alguns apontamentos. Democracia Real Ya nasceu dois meses antes do 15 de maio. ……LEIA MAIS

Entrevista: Com mercado financeiro não há democracia real

Juan Redondo e Macarena Burgos, da equipe de comunicação da Assembléia Popular Permanente da Praça do Sol e do Movimento Democracia Real Já, responderam seis questões sobre o movimento 15-M. O entrevistador é Israel Dutra, sociólogo e militante do PSOL/RJ.
1. Como surgiu a idéia do Movimento Democracia Real Ya?
 A Plataforma Democracia Real Ya (DRY) deve ser compreendida no contexto de crise econômica existente em alguns países da Europa, e na Espanha em particular. Aqui concorrem diversos fatores específicos que agravam os efeitos dessa crise européia: forte desemprego, estouro súbito da enorme bolha imobiliária, além de muitos casos de corrupção política. ……LEIA MAIS

 

Crise grega pode ser pior que quebra do Lehman Brothers

Por ROBERT PESTON, da BBC Brasil
A decisão dos ministros das Finanças europeus, de condicionar o empréstimo emergencial de 12 bilhões de euros à aprovação de medidas de austeridade e privatizações pelo Parlamento da Grécia, seria racional e crível sob o argumento de que a Grécia teria mais a perder com uma moratória do que a zona do euro em si. Ou, para dizê-lo de outra forma, ameaças só valem a pena se os que as fazem podem de fato levá-las a cabo. ……LEIA MAIS

Ventos da revolução na Islândia.

Por Atilo Boron
Aproximadamente no ano 2000, o governo conservador da Islândia impulsionou um radical programa de reestruturação econômica neoliberal, dando inicio à abertura comercial indiscriminada e ao amplo e acelerado processo de privatizações e desregulamentações. Todo este disparate se levou a cabo sem provocar a menor inquietação das autoridades reguladoras islandesas. Não só isso: uma das três maiores empresas de auditoria contábil do mundo, a estadunidense KPMG (que emprega a 138.000 profissionais para atender seus negócios em mais de 150 países) auditou aos bancos islandeses e seus investimentos, sem que seus sagazes e experts detectassem a menor irregularidade em suas operações, em que pese o exorbitante endividamento, que não só superava os ativos dos bancos senão várias vezes o produto interno bruto da ilha. ……LEIA MAIS

Os novos passos da primavera egípcia

Por Frederico Henriques, sociólogo e militante do PSOL/SP
 Apesar da insistência da mídia em tirar de foco os avanços das revoluções democráticas no Oriente Médio e os seus reflexos na Europa, levantes e contradições se acentuam no último período. Estes fatos podem ser vistos no aprofundamento da revolução democrática tunisiana, com a assembléia  constituinte, na juventude e nos trabalhadores da Síria, que continuam a onda de protestos por todo o país, e mesmo no Egito, que começa a dar uma nova dinâmica para a geopolítica regional. Embora no Egito o referendo constitucional de março tenha consolidado uma grande vitória de setores reformistas sobre os setores radicalizados no processo, fazendo com que a revolução caminhe de forma mais lenta que o caso tunisiano, a Primavera Egípcia começa a dar seus primeiros grandes passos após a queda de Mubarak. ……LEIA MAIS

A luta das mulheres muda o mundo!

Por Giulia Tadini, estudante de Ciências Sociais da USP e diretora do DCE-Livre da USP. Militante da juventude do PSOL/SP.
 Antes das Revoluções Árabes qual era a nossa visão sobre as mulheres mulçumanas? Lembramos-nos da  Jade em “O Clone” fugindo de um casamento arranjado e da burca ou então pensamos nas odaliscas em algum harém imaginário. Para além disso, costumamos explicitar as opressões que sofrem as mulheres mulçumanas, muitas vezes fazendo extensos debates sobre seus costumes, enquanto escondemos o quanto nós, “as ocidentais”, também somos oprimidas diariamente. ……LEIA MAIS

Revolta complexa deixa a Síria numa encruzilhada

Por Roula Khalaf | Financial Times
 Oriente Médio: Governo tem cada vez mais dificuldade de conter manifestantes, mas até onde eles podem ir? Quanto tempo mais o regime sírio poderá se manter? E por quanto tempo mais os manifestantes sírios terão força para continuar pressionando? De Washington a Riad, autoridades de governo e analistas estão se fazendo essas perguntas e projetando vários cenários sobre aquela que todos consideram ser a mais complexa revolta nesses seis meses de levantes da primavera árabe. Poucas semanas atrás, muitos especialistas ainda apostavam que Bashar al-Assad, que ocupa a Presidência há 11 anos, iria esmagar os protestos pela força.  …..LEIA MAIS

As diversas facetas da revolução no Iêmen

Por Marwan Bishara, jornalista, autor de Palestine/Israel: la paix ou l’apartheid (Paris, La Découverte, 2002).
 O “despertar árabe” inflamou os movimentos de protesto no Iêmen e precipitou a divisão das estruturas de controle do Estado. A juventude atiçou o fogo da revolta nas cidades. Nesse momento, nada pode dissimular a força das aspirações e a extensão das transformações provocadas pelo levante. Desde o final de janeiro de 2011, o Iêmen vive uma revolta popular inédita. A diversidade sociológica dos manifestantes e o caráter pacífico da mobilização, apesar da repressão, evocam os eventos da Tunísia e do Egito. ……LEIA MAIS

Novo fôlego dos pingüins

Por Joana Salém Vasconcelos, Historiadora e colaboradora da Secretaria de Relações Internacionais do PSOL
 Não é a primeira vez que os estudantes chilenos de Escola Secundária demonstram sua capacidade extraordinária de organização política. Em 2006, as mobilizações estudantis que ficaram conhecidas como Revolução dos Pingüins (devido às cores do uniforme escolar), exigiam uma reforma profunda no sistema educacional chileno. Neste 13 de junho de 2011, um novo fôlego de uma nova geração de pingüins iniciou uma greve geral. Mais de 150 liceus estão parados, de acordo com a Federação Metropolitana de Estudantes Secundários (FEMES). As principais reivindicações são explicadas a seguir. ……LEIA MAIS
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ATIVIDADE

Palestra com Laura Restrepo sobre seu Romance “Heróis Demais”

 Segunda feira – 11 de Julho - 19h00 - Auditório da Livraria da Vila – Alameda Lorena, 1731

Convidada pela Secretaria de Relações Internacionais do PSOL e pela Fundação Lauro Campos, a escritora Laura Restrepo estará em São Paulo no dia 11 de julho. Nesse dia, na Livraria da Vila da Al. Lorena 1731, às 19h30, fará uma conferência sobre sua obra literária e sua história. Mais especificamente,sobre seu romance “Heróis Demais”, recém lançado pela Cia das Letras, e seus anos de vida sob a ditadura Argentina. Laura Restrepo irá também participar da FLIP. Ela é uma das escritoras mais reconhecidas da América Latina.

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