Freixo: Poder público acha que milícias são "problema menor"
Jornal do Brasil - Luisa Bustamante
Durante coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) elogiou o trabalho do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio na prisão do vereador Luiz André Ferreira da Silva, o Deco (PR). Segundo as investigações, Freixo estaria jurado d morte pela suposta quadrilha comandada por deco. Apesar dos elogios, disso, o deputado criticou a falta de ação do poder público no combate às milícias e chamou atenção para o fato de que das, 16 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas no Rio, apenas uma está em área de milícia, no Jardim Batam, onde três jornalistas foram torturados
"A CPI (das Milícias) ajudou a mudar visão da população sobre as milícias, mudou esse cenário e indiciou 225 pessoas. Isso provocou um incômodo muito grande, mas parece que o poder público ainda acredita que as milícias são um problema menor no Rio de Janeiro", afirmou.
Deputado está jurado presidiu CPI das milícias e está jurado de morte
O deputado acrescentou que hoje a cidade conta com mais de 300 áreas de milícia, comparadas com as 171 que foram registradas até dezembro de 2008.
Freixo, que presidiu a CPI das milícias em 2008, revela que já foi, inclusive confrontado por Deco.
"Teve um momento em que fui apresentar o relatório da CPI na Câmara de vereadores, ele estava na sala e disse que queria me dar um soco na cara. É lamentável que uma pessoa ligada à milícia tenha chegado a vereador, vamos ver se a Câmara agora vai ter coragem de cassar o mandato do Deco, agora que ele está preso".
O deputado lembrou ainda do caso do vereador Cristiano Girão (PMN), preso pela Corregedoria da Polícia Civil, acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, mas que só perdeu seu mandato por faltas.
"Eu não posso conviver com um deputado que era representante do crime organizado e achar que isso é normal", acrescentou.
Negócio lucrativo
Para Marcelo Freixo, é preciso que a prefeitura e o governo do estado cheguem às áreas de milícia.
"Se o estado permanecer omisso, alguém vai tomar o lugar do Deco. É um negócio extremamente lucrativo. A milícia vive do fornecimento ilegal de gás, gatonet e transporte de vans nessas áreas. Se o poder público não cortar deles o domínio do gás, da van, do "gatonet", eles vão continuar crescendo, mesmo com seus líderes presos".
Segundo o deputado, em 2008, o faturamento dos milicianos com o transporte de vans chegava a R$ 170 mil por dia.
"É preciso cortar os braços econômicos que seguram a milícia, mas as ações que dependem do Estado não estão sendo cumpridas", disse.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
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