quinta-feira, 14 de abril de 2011

Polícia desbarata plano para matar Freixo
De Valor Econômico

A polícia prendeu ontem, no Rio, o que se acredita ser o último braço político da milícia no Rio. O vereador Luiz André Ferreira da Silva (PR), o Deco, foi preso na Operação Blecaute, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual. O vereador é acusado de chefiar grupo paramilitar que atua na Zona Oeste e é acusado de ter planejado a execução da atual chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, ainda quando ocupava o cargo de delegada titular da 28ª Delegacia de Polícia, em Campinho na Zona Oeste, e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que presidiu a CPI das Milícias.
A milícia de Deco é considerada uma das mais violentas da Zona Oeste. De acordo com a denúncia dos procuradores, a quadrilha atuaria há pelo menos sete anos. O grupo executava suas vítimas de forma cruel, usando facões e cordas para enforcamento, e ainda torturava, estuprava, e ocultava cadáveres.
Professor de História, Freixo foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 2007. Em 2010, foi reeleito com 177 mil votos, o segundo mais votado no Estado.
Na Assembleia, conseguiu muitos inimigos: denunciou fraude no auxílio-educação o que levou à cassação das deputadas Jane Cozzolino, do clã que domina a cidade e Magé, na Baixada Fluminense, e Renata do Posto, família que atua também em Magé e em Guapimirim, município vizinho. Pediu a cassação do ex-chefe de Polícia Álvaro Lins, acusado de lavagem de dinheiro. Mas foi quando presidiu a CPI das Milícias, que Freixo passou a andar com guarda-costas, já que a polícia começou a interceptar planos de matá-lo.
O deputado afirmou que nunca recebeu nenhuma ameaça direta dos milicianos. "Eu nunca recebi do Deco e ou de outro vereador nenhum tipo de ameaça direta. Mas através da Polícia Civil já recebi diversas vezes informações de planos para me matar."
Ele ressaltou que até 2008, parte da sociedade achava as milícias um mal menor. "A CPI ajudou a mudar visão da população sobre as milícias e indiciou 226 pessoas. Isso provocou um incomodo muito grande."
Esta não é a primeira vez que políticos são presos: em 2010, operação das polícias militar, civil e federal, que envolveu até o Exército e a Marinha, desarticulou a maior e mais antiga milícia de Duque de Caxias. O soldado reformado da PM e vereador Jonas Gonçalves da Silva e o também vereador Sebastião Ferreira da Silva foram presos acusados de chefiar a quadrilha. Pelo menos outros cinco políticos do Estado já foram presos por envolvimento com quadrilhas, entre eles, em 2010, o deputado estadual Jorge Babu (PTN-RJ), e, em 2008, o deputado estadual Natalino Guimarães (DEM-RJ), ambos acusados de chefiar milícias na Zona Oeste. Seu irmão, o vereador Jerominho (PMDB), foi preso em dezembro de 2007, pelo mesmo motivo.

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