quinta-feira, 2 de junho de 2011

DF - Sorry periferia

Veja vídeo:
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1663371-15605,00-CIDADES+DA+PERIFERIA+DO+DF+ESTAO+ENTRE+AS+MAIS+VIOLENTAS+DO+MUNDO.html
Cidades da periferia do DF estão entre as mais violentas do mundo
O Fantástico fez uma investigação detalhada na região que vive índices de violência de tempos de guerra. E descobriu que lá funerárias chegam aos locais dos crimes antes mesmo da polícia.
Depoimentos e flagrantes que poderiam ser de uma guerra, em algum lugar perdido, isolado no restante do Brasil, foram registrados em quatro cidades da periferia da capital do país: Novo Gama, Luziânia, Águas Lindas de Goiás e Valparaíso de Goiás.
A região do entorno de Brasília é considerada hoje uma das mais violentas do Brasil. Com a chegada do fim de semana, aumentam o medo e a tensão dos moradores, que vivem a 40 quilômetros de distância da capital do país. Poder e segurança de um lado; realidade sombria do outro.
É madrugada em Novo Gama. As ruas parecem tranqüilas, mas o perigo pode estar em qualquer lugar.
“Onde é escuro não é bom ficar passando não”, explica um homem.
“Estava todo mundo aqui na porta: eu, a mãe dela, outra amiga nossa, uma menininha pequeninha e os meninos. Ele chegou e começou a atirar”, conta uma menina.
“Todo mundo entrou correndo, mas o tiro acertou meu irmão”, lamenta outra menina.
O rapaz baleado já está no hospital. A polícia tenta encontrar o bandido e descobrir o porquê dos tiros. E um morador desabafa: “Isso é normal, corriqueiro. Todo dia”.
Em Luziânia, perto dali, mais violência. Três menores de idade roubaram todo o faturamento de um ônibus: R$ 400.
“Mais que meu salário. É complicado”, comenta um homem.
Cobradores e motoristas conseguiram deter um dos menores. Um outro foi capturado pela polícia. O terceiro assaltante fugiu.
De volta a Novo Gama, perto da casa em que um rapaz foi baleado, a polícia encontrou um suspeito armado. Ele está dentro do carro da Polícia Militar. A irmã da vítima e as testemunhas não concordam se ele é o criminoso.
O rapaz baleado passa bem. O homem detido portava uma arma ilegalmente, mas não foi reconhecido pelas testemunhas.
Em Luziânia, onde o cobrador de ônibus foi assaltado, a polícia encontra o terceiro ladrão.
“Tem um terreno baldio no fundo de uma casa. Ele passou por cima do telhado, e conseguimos pegá-lo do outro lado”, conta um policial.
“O cara estava andando em cima das telhas. Não sei como que ele não caiu dentro da cozinha”, comenta um morador.
“Infelizmente, acontece”, lamenta um policial. “E hoje nós demos sorte de pegá-los em flagrante”.
Nas noites de quinta, sexta, sábado e domingo, a polícia intensifica as rondas nas quatro cidades. Homens da Força Nacional de Segurança ajudam a Polícia Militar.
“As estatísticas mostram que estamos com um índice de homicídio alto”, avalia um policial.
No Brasil, o índice de mortos por homicídios é de 24,5 vítimas para cada cem mil habitantes. No entorno de Brasília, as cidades de Novo Gama e Águas Lindas têm mais que o dobro desse índice.
“Os homicídios vão continuar ocorrendo. Nós vamos tentar baixar esse índice”, garante o tenente-coronel Wellington, da PM de Goiânia.
Em Luziânia, o índice é de 71,04 vítimas fatais. E em Valparaíso é a mais violenta de todas, 75,97 vítimas para cada cem mil habitantes. Com esses números, a região do entorno de Brasília só tem menos gente assassinada que Honduras, que no ano passado se tornou o país mais violento do mundo.
Um comerciante quase morreu, na sexta vez em que foi assaltado. “Levei dois tiros. Um deles acertou a minha boca. Estou com uma deficiência no maxilar, não posso fazer força, não posso pegar peso, não posso pegar sol. Não me sinto seguro em sair mais. Não tenho segurança. Toda hora que encosta um veículo do meu lado, eu fico assustado”, diz.
“São mais de dez mil inquéritos inconclusos merecendo uma preocupação nossa já”, revela Edson Costa Araújo, do gabinete de Gestão de Segurança do Entorno do Distrito Federal.
São dez mil investigações ainda em aberto.
“As pessoas morrem e polícia vai acumulando os inquéritos, e as pessoas vão virando pasta”, constata Marlúcia de Matos, mãe de uma vítima.
Centro de Operações de Segurança foi fechado
Muitos desses inquéritos estão jogados no Centro Integrado de Operações de Segurança, inaugurado em 2002, em Águas Lindas de Goiás. O local reunia as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros. Funcionava 24 horas por dia, sete dias por semana. Apenas um ano depois, foi fechado e abandonado.
O responsável pela segurança da região diz que não adianta ter delegacia se faltam policiais.
“Se você não tem pessoal, não tem como ocupar. São questões que devem ser resolvidas como todo”, alega Edson Costa Araújo.
E não só delegacias estão abandonadas. Novo Gama tem 95 mil habitantes e nenhum atendimento médico. Quando um morador fica doente, só vai encontrar socorro a 40 quilômetros de distância. O prédio que era para ser o único hospital municipal da cidade está abandonado, e virou esconderijo de traficantes e consumidores de crack.
Quando cai a noite, o tráfico do entorno chega perto de Brasília. Na divisa com Goiás, um traficante usa bicicleta para vender droga a um casal. Um grupo consome droga livremente.
“Esses crimes são mais de rixa e também pelo consumo de drogas”, explica Otemar Maia Bianchini, da Força Nacional de Segurança.
“Meu filho saiu à tarde para ir para quadra de esporte e nunca mais voltou”, conta Marlúcia, mãe do rapaz Diego.
O menino desapareceu em novembro de 2008, quando tinha 13 anos. Três rapazes são acusados pela polícia de terem matado Diego. Mas o corpo ainda não foi encontrado.
“A minha esperança é que ele esteja vivo. Mãe sempre tem esperança de achar seu filho. Enquanto eles não acharem nada e não me provarem que é meu, para mim, meu filho está vivo”, diz Marlúcia.
Quando o Fantástico falou pela primeira vez com a mãe de Diego, um dos envolvidos estava preso, e os outros dois, foragidos. A polícia acha que Diego morreu porque devia dinheiro, possivelmente a traficantes.
“Quando a pessoa se envolve com droga, ela começa a pegar as coisas em casa. O meu nunca mexeu em nada. E não tinha passagem pela polícia”, afirma a mãe do adolescente.
Os colegas de Juliete Oliveira, que tinha 17 anos, pedem justiça. Maria Soares de Lima é mais uma mãe que perdeu sua filha no entorno de Brasília.
“Ela foi para o colégio e até as 11h30 ela não havia chegado. Às 19h, eu pensei que ela tinha sido morta”, conta.
Depois de acionar a polícia, a própria família começou a procurar Juliete.
“O meu filho mais velho e meu cunhado foram caçá-la e acharam [o corpo]. Estava
bem pertinho de casa, na BR, dentro do matagal”, conta Maria Soares.
O caso ainda não foi solucionado. É um dos dez mil inquéritos sem conclusão.
A rotina de violência e morte na região criou uma competição sinistra. A escuta das comunicações da polícia é proibida, mas as funerárias usam rádio ilegalmente para ver quem chega primeiro ao local do crime. O agente funerário Igor Candido da Silva conta que às vezes chegam até cinco funerárias a um mesmo local.
Há pouco mais de um mês, o policiamento da região foi reforçado por 107 agentes da Força Nacional de Segurança. E o próprio governo do Distrito Federal pretende ajudar o estado de Goiás.
Mas será que o secretário de Segurança Pública do DF se incomoda de morar em uma região tranqüila que tem a 40 quilômetros de distância uma das regiões mais violentas do mundo?
“Nós temos que tomar todas as iniciativas para evitar que isso aconteça. Temos que fazer realmente um esforço integrado para ajudar na segurança do entorno”, admite o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Torres Avelar.
Professor de jiu-jitsu tenta tirar jovens das ruas
Novo Gama, Valparaíso e Águas Lindas vivem do pequeno comércio e da prestação de serviços. Em Luziânia, a principal atividade é a agricultura. Mas é em Brasília que a população vai procurar emprego. As autoridades reconhecem que todas as cidades do entorno precisam de investimentos.
“Na educação, na segurança publica”, avalia Edson Costa Araújo.
Enquanto o dinheiro público não chega, iniciativas como a do professor de jiu-jítsu Fladimir França de Souza tentam tirar os jovens das ruas. “A gente tinha que trabalhar a cabeça dessas crianças para elas serem alguém, para estudarem”, diz.
“Eu cheguei a traficar, a usar cocaína e maconha. Hoje, graças a Deus, eu sou um homem casado, eu tenho sonhos de construir minha família”, revela o aluno Januário Lopes Silva.
Os sonhos de dona Marlúcia foram interrompidos pelo desaparecimento do filho Diego. Mas enquanto o Fantástico preparava esta reportagem, a polícia de Goiás prendeu um dos dois acusados pela morte que estavam foragidos. “Eu me sinto aliviada, mas quero que a polícia me dê conta do corpo. Porque não adianta só prendê-los”, comenta.
A prefeitura de Novo Gama informa que um novo projeto está sendo elaborado no mesmo local do hospital que foi abandonado antes de ficar pronto.
Por e-mail, a Polícia Militar de Goiás informou que o Centro de Integração das Polícias que foi desativado em Águas Lindas vai ser ocupado por bombeiros e pela Polícia Civil em um prazo de 30 dias. A nota diz que isso é consequência da reportagem do Fantástico.
A equipe de reportagem do programa esteve lá na sexta-feira (27), duas semanas depois da primeira gravação e de quando recebeu a nota da Polícia Militar. O centro continua abandonado. E a população continua exigindo um direito que é de todos: justiça.
  Fantástico
Cidade mais violenta do mundo tem oito homicídios por dia
No Brasil, a operação contra os cartéis das drogas se chamou “Gênesis”. O país tem quase 17 mil km de fronteira com 10 países. A maior parte, sem fiscalização, por onde entram as drogas e as armas.
Durante toda a semana, equipes do Fantástico acompanharam de perto a guerra contra os cartéis das drogas. Em território americano, a operação se chamou "Resultados". Equipe: três mil policiais e investigadores em ação na fronteira entre os Estados Unidos e o México. E mais 45 mil soldados e cinco mil policiais federais no combate ao narcotráfico no México, especialmente na Ciudad Juárez, apontada como a mais perigosa do mundo.
No Brasil, a operação recebeu o nome de “Gênesis”. E foi a maior já realizada no país. Local: fronteira do Brasil com a Bolívia. Equipe: 350 policiais e homens das três forças armadas.
Estratégia: montar barreiras nas estradas locais e concentrar as operações em 28 cidades da fronteira. Cinco barcos da Marinha patrulharam os rios do Pantanal. E a Aeronáutica deslocou para a região dois aviões-radar e um helicóptero.
A reportagem especial do Fantástico começa numa das principais portas de entrada do crime organizado no Brasil.
Ação em terra, na água e no ar. O esforço conjunto é pra fiscalizar a fronteira em Mato Grosso. Mais de 90% da pasta base de cocaína produzida na Bolívia passa por esse território.
Quem coordena a operação é o coronel Ibanez, comandante do Grupo Especializado de Fronteira da Polícia Militar de Mato Grosso (Gefron). Ele mostra uma caminhonete com fundo falso, que foi usada para o tráfico e descoberta por um policial.
“Ele puxou toda essa bandeja pra fora e tinha 100 kg de pasta base”, disse o coronel Antônio Ibanez, coordenador da operação.
Cem quilos de pasta base são suficientes para a produção de 300 kg de cocaína.
Terça-feira, 10h. Pegamos a BR 174, que liga Cáceres a Pontes e Lacerda. Policiais param alguns carros e fazem uma vistoria minuciosa em busca de droga escondida. Um policial decide desmontar o filtro de ar de uma caminhonete.
“Eu olho o filtro de ar. Sempre levam droga se não dinheiro ou dólares”, conta o policial.
Ao meio-dia, chegamos ao penúltimo posto policial antes da fronteira, conhecido como Posto do Limão. Uma enfermeira identifica as pessoas que engoliram cápsulas com cocaína, uma tática comum e perigosa. Se uma das cápsulas se abrir, o portador pode morrer na hora.
“A revista é feita com apalpação no estômago. E dá para perceber que há algo estranho. É a hora que a gente leva pra fazer o raio x e identifica. Já teve aqui de pegar com até 98 cápsulas”, contou a enfermeira Inês Canhete.
A fiscalização é rigorosa. Quase todos os carros que passam pelo trecho mostrado em vídeo da BR 070 são parados. E os policiais também usam helicópteros.
Um helicóptero da Força Nacional parou um carro que eles consideram suspeito na rodovia que é a ligação entre o Brasil e a Bolívia. Eles pararam, os policiais desceram do helicóptero e fizeram uma revista dos ocupantes do carro.
A sete mil quilômetros do local, a polícia mexicana vasculha casas para vencer o tráfico na fronteira com os Estados Unidos.
Às 22h45, na Ciudad Juárez, México, os policiais federais mexicanos cercaram uma casa, tomaram conta do quarteirão e se preparam para fazer uma invasão. São aproximadamente 20 policias, fortemente armados, muitos deles encapuzados, numa operação à procura, ao que tudo indica, de narcotraficantes.
A informação que a polícia recebeu é que na casa azul mostrada em vídeo teria uma pessoa sequestrada. Veja em vídeo onde seria o cativeiro e onde eles tentam entrar. Um homem sem camisa, que não oferece resistência vai abrindo a porta da casa.
E na casa haveria uma pessoa sequestrada. Eles continuam fazendo a busca em várias casas pela rua. É um momento tenso, muito tenso. Os policiais cercaram o quarteirão inteiro.
O sequestro teria ligação com a guerra entre os cartéis de drogas do México. O cativeiro não é no local. O dono da casa é um padeiro e, como milhares de mexicanos, vive apavorado. "Saio de casa e nunca sei se volto", ele diz. "Aqui só se fala em mortes, mortes e mortes".
Quando sair dos Estados Unidos, atravessar a fronteira e entrar em Ciudad Juárez, cruze os dedos. Talvez você prefira fechar os olhos, porque o horror está na capa dos tablóides todos os dias. Mas depois, abra bem os olhos e reze para não ser mais uma vítima dessa guerra.
Em um dia, pela manhã, o repórter conta que já houve mortes e três crimes em diferentes áreas da cidade. Com mais alguns crimes ao longo da noite, a segunda-feira terminaria com nove vítimas da guerra do tráfico.
Em dias mais violentos, matadores invadem até festas e metralham quem estiver pela frente. Na festa mostrada em vídeo, foram 17 execuções de uma única vez.
Recentemente, eles explodiram um carro-bomba para espalhar pânico e mandar recados para a polícia.
Veja em vídeo um pedaço da lataria do carro bomba, a mais de 20 metros do lugar do atentado. Os estilhaços voaram por toda a parte.
O terror mexicano começou depois que o presidente Felipe Calderón declarou guerra ao tráfico, três anos atrás. As ruas foram tomadas pelos mascarados federais. Mais de 25 mil pessoas morreram. E nenhuma luz no horizonte.
A cidade onde passamos a última semana é recordista, com mais de seis mil assassinatos. As vítimas mais frequentes são os soldados do tráfico. O cartel de Sinaloa tenta roubar os pontos de venda do Cartel de Juárez. E tudo fica mais complicado por falta de consumidores. Os Estados Unidos estão finalmente conseguindo a fechar a fronteira, como você ainda vai ver nesta reportagem.
 No Brasil, a operação Genesis segue para o Pantanal, no Sul de Mato Grosso
 No Brasil, a operação Genesis segue para o Pantanal, no Sul de Mato Grosso. Cinco barcos da Marinha vistoriam os rios da região e percorrem os trechos mais difíceis de se fiscalizar.
Para cortar caminho até o posto de fronteira, passamos por dentro da Bolívia, acompanhados da polícia local.
Ao sair da Bolívia, exatamente na fronteira, o repórter passa por uma fazenda, por exemplo, que começa num país e termina no outro. E a única coisa que indica que ele está entrando no Brasil é o marco mostrado em vídeo.
Na viagem ao longo da fronteira, fica claro o quanto é difícil controlar esse território.
Pouca gente mora na região, há muita mata fechada e várias estradas de terra clandestinas. São 983 quilômetros de fronteira em Mato Grosso - uma das áreas mais vulneráveis do país. O secretário nacional de Segurança Pública sobrevoou a região.
“Percebi muitas pistas de pouso, evidentemente pistas clandestinas, obviamente, num lugar tão ermo. É inconcebível que as fazendas precisem de tantas pistas de pouso”, disse o secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri.
Ao todo, o Brasil tem quase 17 mil quilômetros de fronteira com 10 países. A maior parte, sem fiscalização, por onde entram as drogas e as armas que alimentam o crime organizado das grandes cidades.
O Fantástico está a poucos metros do México. A reunião incomum acontece no estacionamento de um supermercado em território americano.
Às 5h, a equipe do Fantástico está na cidade de El Paso, na fronteira dos Estados Unidos com o México e mais de 60 policiais americanos se preparam para uma grande operação. Policiais e também investigadores - uma força especial criada para evitar o avanço do narcotráfico nos EUA. São agentes federais e municipais. E atendem pelo nome de "best", em português, "os melhores".
Eles têm em mãos o mapa da casa de um traficante. E mandados judiciais para prender três integrantes dos cartéis mexicanos. El Paso é a primeira parada das drogas que saem de Ciudad Juárez. Se passar do local, elas seguirão para grandes capitais americanas como Houston, Nova York ou Chicago. É esse caminho que os policiais querem interromper agora.
Basta eles colocarem um tanque nas ruas. E aí vai mais um gerente do tráfico a caminho da prisão. A casa que ele escolheu pra instalar o depósito de maconha e cocaína fica na segunda cidade mais segura dos Estados Unidos.
Estados Unidos? Não é só pelo nome que El Paso parece mexicana. Repare nos letreiros das lojas, no rosto dos moradores e na língua usada pelo chefe da polícia de imigração americana para dar entrevista.
Manuel Oyola explica porque os traficantes no México estão com problemas para atravessar drogas pros Estados Unidos.
"Estamos colocando ordem ao longo de toda a fronteira. Aumentamos o pessoal e ficou mais difícil passar com grandes quantidades de droga", disse Manuel.
Agora são apreensões pequenas, como a mostrada em vídeo; 35 kg de maconha encontrados no estofado do carro.
No engarrafamento constante, as chamadas mulas se misturam às mais de 90 mil pessoas que diariamente atravessam a fronteira e tentam levar drogas até El Paso. A ordem é manter as portas fechadas, com alta tecnologia, policiais atentos a qualquer gota estranha de suor, nervosismo, cães rastreando drogas e muitas algemas.
Sem falar nos 20 mil patrulheiros de olhos grudados na cerca. Mas se ainda assim, o tráfico passar pela fronteira, projeto “Resultados”.
A força tarefa prendeu em dois anos três mil traficantes em solo americano.
Anoitece e a operação Genesis continua. Agora o Fantástico está numa área em que é muito comum que apareçam mulas, gente que atravessa a fronteira a pé levando a droga. Por causa disso, a equipe acompanha uma patrulha a pé, à noite, ao longo da fronteira. Desliga a câmera e ligar uma outra que filma no escuro.
Eles vão andando em silêncio, atentos a qualquer barulho estranho. Depois de andar um tempo, uns 15, 20 minutos, a equipe parou para esperar. Alguns policiais foram na frente, pra ver o que estava acontecendo. E a equipe esperou para poder avançar.
Eles descobriram um posto de parada dos traficantes, com garrafas d’água e sinais de que eles pararam para comer, mas ninguém estava no local.
O combate ao crime na fronteira depende de persistência, mas também de sorte. No dia seguinte, em Cáceres, a Polícia Civil desmonta bocas de fumo, prende três traficantes, apreende drogas e armas.
A Polícia Federal encontra também 12 kg de pasta base de cocaína que tinham acabado de entrar no país.
Na sexta-feira, mais uma incursão. Agora, em uma fazenda em Comodoro. O grupo de fronteira de Mato Grosso descobre mais drogas e substâncias usadas no refino de cocaína. Quatro traficantes são presos, entre eles, um suspeito de participar de uma facção criminosa de São Paulo.
No sábado de manhã, a Polícia Rodoviária Federal encontra dois quilos de pasta base de cocaína em pacotes soltos dentro de um ônibus. Um cão farejador é usado, mas não identifica o dono da droga. Os passageiros são interrogados e, depois, liberados.
Mas o desafio de fiscalizar o crime na fronteira ainda é imenso.
“Os resultados foram altamente positivos. Na medida em que a gente consegue propor essa sensação de segurança para todos aqui. Porém, a gente percebe também a necessidade de uma presença maior do poder público, nessa faixa de fronteira”, disse o coronel Antônio Ibanez.
Trilha sonora da cidade mais violenta do mundo fala de chefões, desafetos e matadores
A trilha sonora da cidade mais violenta do mundo fala de chefões, desafetos e matadores. Histórias que, mesmo que você não queira, você acaba testemunhando em Ciudad Juárez.
O assessor de imprensa da Secretaria de Segurança anuncia o desaparecimento de um repórter.
"É um repórter da Rádio México. Caso o encontrem, por favor, comuniquem urgentemente. A mulher dele está aqui assustada”, afirma o assessor.
A equipe do Fantástico acompanhou um comboio da Polícia Federal que foi se aproximando do lugar onde foram encontrados dois corpos.
E mais uma noite começa em tragédia em Ciudad Juárez. Dois rapazes viajavam num carro e foram metralhados numa grande avenida da cidade. A família diz que eles eram apenas estudantes. Mas a polícia suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas.
E o que se pode perceber é que essa situação já virou rotina por no local. Afinal em Ciudad Juárez, acontecem, em média, oito homicídios a cada dia.
À noite, Juárez fica muito mais assustadora. No embalo das boates do centro, a polícia prendeu um gerente do tráfico local.
Já era sábado, quando um rapaz caiu aos prantos pedindo força ao irmão baleado. E foi também de madrugada que um matador a serviço do tráfico entrou numa casa para matar um traficante rival.
No fim das contas, você descobre que quem manda em Juárez é a lei da bala. Depois de uma semana acompanhando as operações dos dois lados da fronteira, a equipe do Fantástico colocou o carro na estrada às 3h e conseguiu sair, por fim, do lugar que é apontado, hoje, como o mais perigoso do mundo.

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