terça-feira, 31 de maio de 2011

Alcoolismo
O impacto de uma Droga Psicotrópica socialmente aceita!
Heloísa Helena*

A semana que passou houve de tudo... da aberração na aprovação do Código Florestal até os velhos métodos governamentais dos Esconderijos Palacianos no Submundo Palocciano (sobre o tema respondo com meu artigo já publicado: (Só enriquece na política quem é ladrão!). Aqui em Alagoas o vandalismo que destrói a dignidade do nosso povo sucateando ainda mais a saúde, educação, segurança pública, reina impunemente – aqui ou em Brasília - pela ação ou omissão da canalha política e da maioria dos eleitores. E como tudo isso já muito não fosse ainda tivemos que ver a repetição dos gravíssimos problemas, há muito anunciados, da Braskem que teve a ousadia de chamar de incidente um vazamento que assombrou milhares de pessoas. Embora eu tenha posição formada sobre a necessidade de transferência da referida estrutura industrial, do local onde hoje se encontra, tratarei sobre o tema – com todo rigor necessário - após a publicação do Laudo Técnico que será apresentado quando este artigo já foi para publicação. Ficará para o próximo!
Infelizmente além dessa metodologia de promiscuidade política dirigida pela irresponsabilidade e omissão criminosa na Administração Pública e do caos nos serviços públicos e do aumento na circulação das drogas ilícitas que formam imensos exércitos de mão-de-obra escrava com os pobres para o mundo maldito do narcotráfico... existe mais um problema de dimensão inimaginável na vida de crianças e jovens e da sociedade em geral. Neste artigo tratarei de uma droga psicotrópica – o álcool - socialmente aceita e irresponsavelmente estimulada pela intensa publicidade diária nos meios de comunicação como retrato da covardia vergonhosa do Governo Federal e do Congresso Nacional.
Primeiro gostaria de alertar - especialmente aos que gostam de se apresentar como cretinos contumazes – que a breve análise que farei sobre o tema não está fundamentada em nenhuma concepção religiosa e muito menos no velho moralismo farisaico que desprezo. Quem quiser construir seus “paraísos artificiais” ou “férias químicas de si mesmo e do mundo medíocre” que o faça... mas sem hipocrisia ou discurso cínico e pretensamente avançado, e de preferência tirando as patas das crianças e jovens! Devo registrar ainda que conheço muitas pessoas que usam bebidas alcoólicas com moderação, mas conheço também muitas mais que destruíram suas vidas e suas famílias ou embriagadas mutilaram ou assassinaram outras pessoas. As frias estatísticas oficiais e todos os Estudos Científicos mostram o impacto dessa droga psicotrópica.
O álcool é a droga preferida de 70% dos brasileiros; é a droga de maior prevalência de uso na vida (53,2%); já é utilizada por 52% de crianças de 9 a 12 anos (32% destes já usaram em doses elevadas até a completa embriaguez); é responsável por mais de 95% das internações hospitalares provocadas por drogas; é identificada como porta de entrada para outras drogas em 68% dos adolescentes; está diretamente relacionada a 76% dos acidentes de trânsito com vítimas fatais; está inserida em mais de 60% dos homicídios e em 80% dos casos de violência sexual contra crianças e agressão e mutilação a mulheres nos seus lares; entre outros!
É uma droga que gera torpor, tonturas, vômito, comprometimento das funções mentais e reflexos retardados, fala incompreensível, redução do controle cerebral, superestimação das possibilidades e, entre outros, danos graves ao fígado, aparelho digestivo, cardiovascular, polineurite alcoólica, Síndrome Fetal pelo Álcool, coma alcoólico. Além do desenvolvimento dos limites de tolerância (têm que beber cada vez mais para produzir os mesmos efeitos) e a síndrome de abstinência (que vai do tremor de mãos até os gravíssimos delírios tremens).
A iniciação no consumo, conforme demonstra vários estudos, está relacionada a várias condições, entre elas: a droga ser rotineiramente utilizada nas famílias (inclusive oferecendo às crianças), como facilitadora em situações difíceis (tomar para relaxar), curiosidade, busca de coragem, pressão dos amigos... e (claro!) às belíssimas peças publicitárias onde uma droga é apresentada como permanentemente consumida por pessoas lindas, ricas e símbolos do sucesso. Na publicidade enganosa são gastos mais de 1 bilhão/ano para promover estímulos diversos e belos que possibilitem o consumo e termina numa vozinha ridícula “se beber não dirija” ou “beba com moderação”... tipo assim “só uma pedrinha de crack” ou “cheire socialmente”. Os cínicos produtores das bebidas alcoólicas justificam dizendo que há ”um vazamento do sinal além do público-alvo” quando há uma ilegalidade ao induzir condutas enganosas e atribuir finalidades diferentes das que verdadeiramente a droga possui. Aliás, eu como Senadora e alguns outros lutamos muito para proibir a publicidade (da mesma forma que foi feito com cigarros) ou ao menos colocar rótulos... nada!
Respeitamos muito o A.A e outros grupos de auto-ajuda, reconhecemos a importância dos CAPS AD e Centros de Recuperação de Usuários de Drogas Psicotrópicas (coloquei no Orçamento de Maceió quase 2 milhões para a Construção de um)... mas sem políticas sociais globais para o enfrentamento do problema é causa digna de ser lutada por mim e outros mais... mas quase perdida! Continuemos a nossa Luta... afinal, como diz o lema, “o difícil a gente faz, o impossível a gente tenta!”
Heloísa Helena é vereadora do PSOL em Maceió.
Twitter: @_heloisa_helena
E-mail: heloisa.ufal@uol.com.br

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