Informe da Conferência da Liga de Esquerda Operária Tunísia, abril de 2011
Por Pedro Fuentes,
secretário de Relações Internacionais do PSOL
1 – O secretário de Relações Internacionais do PSOL participou da Conferência da Liga de Esquerda Operária, a organização da qual faz parte nosso bem conhecido Amami Nizar, presidente do sindicato dos Correios e Telecomunicações. A conferência foi realizada em 24 de Abril. É a segunda viagem que fizemos a este país. Além de nós, do PSOL, havia representantes do NPA, da França, Sinistra Critica, da Itália, o PST da Argélia, LPP, do Paquistão, um grupo do Líbamo e Alan Krivine pela Quarta Internacional SU.
2 – A reunião contou com mais de cinqüenta sócios, de oito regiões da Tunísia e foi muito representativo de militantes que haviam sido parte ativa da Revolução Tunisiana. Havia vários líderes da envergadura de nosso conhecido, Amami Nizar, incluindo um líder dos professores de Tunis, sindicato muito ativo na revolução, um líder do sindicato dos médicos do setor público, além de vários outros representantes do funcionalismo público. Também estava presente uma delegação da juventude, composta por uma dúzia de jovens. Entre eles estava o líder da organização Universitário Graduados Desempregados, que na Tunísia representa um setor de 130 mil jovens. Havia também vários artistas de renome.
A reunião contou, ainda, com a presença de duas dirigentes da Associação Tunisiana das Mulheres Democratas, uma organização muito importante na Tunísia. Uma das militantes da Liga de Esquerda Obreira, Ahmel, Belhadj é a fundadora dessa organização e sua principal figura pública. Entre os participantes, encontrava-se também, um jovem que foi o principal coordenador da Kashba – como são chamadas as grandes concentrações realizadas na praça (de mesmo nome) para derrubar os dois governos sucessores de Ben Ali. Esse companheiro é dirigente na coordenação dos Comitês para a Defesa da Revolução, cuja função é centralizar as ações de todos os comitês de bairro existentes na capital do país. Outro grande destaque, foi a presença de Jalel, um advogado que foi muito perseguido na Tunísia e que, hoje, não exerce sua profissão e dedica-se integralmente à atividade partidária. Pude notar que esse companheiro é muito reconhecido por toda a vanguarda. Talvez, o mais reconhecido em toda a esquerda. Assim, que do ponto de vista da representatividade, a Conferência foi Assim, do ponto de vista da representatividade, a Conferência da Liga de Esquerda Operária teve grande peso.
AHLEM BELHADJ - membro da Associação de Mulheres Democráticas da Tunísia
3 – Grande parte dos participantes na Conferência eram militantes da Organização Comunista Revolucionária, uma organização que, em finais dos anos 80, foi severamente reprimida e quase foi dissolvido. Este grupo foi filiado à Quarta Internacional e também está representado no núcleo central da nova organização, a LEO. A esse núcleo, que tem formação programática sólida, de tradição trotskysta, somam-se novos quadros que surgiram no recente processo de revolução.
4 – Essa reunião, foi a primeira realizada em 20 anos, desde que foram golpeados pela ditadura. No início de 2001, houve um princípio de reagrupamento, mas foi parcial. O fato de terem conseguido realizar essa tarefa de reagrumaneto sem grandes dificuldades é uma grande vitória e deve-se ao triunfo da revolução democrática na Tunsía e à situação revolucionária que ainda está viva, além de sua tradição revolucionária. Esse é o elemento positivo. Mas, ao mesmo tempo, há que considerar que o encontro realiza-se com muito atraso, quatro meses depois do início da revolução. A ausência de organização no período teve o efeito de que, ainda que os dirigentes da LEO estivessem envolvidos com o processo revolucionário, eles não tenham aparecido como organização política, como fizeram outras organizações, em particular, o PCOT. Os três principais dirigentes da Liga de Esquerda Obreira têm consciência desse atraso.
5 – A reunião foi um avanço porque seus principais quadros defenderam a legalização do partido, a participação eleitoral, ainda que esses pontos não tenham sido o centro da discussão. Ao mesmo tempo, devemos ressaltar que essa decisão não foi unânime. Houve resistência de setores que avaliavam que a tarefa central era impulsionar a criação de duplo poder. A Liga tem pela frente uma dura tarefa. É uma organização com dirigentes qualificado e reconhecidos, mas, ao mesmo tempo, o grande período de ausência de organicidade fez com que se tenha perdido o sentido e o método de organização. O grande desafio é superar esse tempo perdido de aparecer publicamente como organização. Existe uma disposição para fazê-lo, mas a tarefa não é simples, dadas as características que descrevemos e, por isso mesmo, eles precisam da solidariedade internacional não só para poder fazer uma interlocução sobre os problemas que enfrentam, como também para fornecer ajuda material que viabilize a abertura de sedes, a produção de um jornal e a viagem de dirigentes pelo país.
6- O PSOL, graças à tarefas realizadas com a vinda de Amami Nizar ao Brasil, contribuiu fortemente para todas essas tarefas. A viagem de Amami foi a primeira tarefa internacionalista concretizada pela Liga. Da parte da Secretaria de Relações Internacionais do PSOL, esse foi o passo mais importante que demos na consolidação de um relacionamento com outro partido. Seguramente, a revolução árabe facilitou a velocidade do encontro e, além disso, trata-se de um grupo de tradição trotskysta que tem, portanto, experiência de contato com a internacional. Eles chegaram à conclusão de que é necessário trabalhar também com os revolucionários da América do Sul por haver um sentimento de simpatia, já que tratam-se de países do terceiro mundo e, também, pela experiência que temos no enfrentamento de ditadutas e das posteriores aberturas políticas. Prova dessa relação é a carta que nos enviaram.
Nota da Liga da Esquerda da Tunísia para o PSOL
Camaradas revolucionários do PSOL,
Da Tunísia com o coração cheio de fogo revolucionário, nós militantes da Liga de Esquerda Operária enviamos a vocês nossas saudações internacionalistas e revolucionárias.
Fazemos um agradecimento profundo por seu sincero apoio. Nós esperamos continuar nossas relações de uma forma permanente. Temos que destacar nossa grande estima ao trabalho do camarada Pedro Fuentes que, com sua experiência, em pouco tempo, pôs sobre o bom caminho nossa relação.
Acreditamos que estamos no mesmo caminho e pelos mesmos objetivos. Caminho revolucionário, pelo socialismo, a dignidade e a liberdade.
Viva o PSOL!
Viva a revolução tunisiana e árabe!
Viva a solidariedade internacionalista!
Pelo comitê executivo da Liga de Esquerda Operaria,
Jalel Zoghlami
segunda-feira, 16 de maio de 2011
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