Morte de Bin Laden – Revoluções Árabes – Unidade Hamas+Fatah – crise em Portugal – ditadura em Honduras - Venezuela
Boletim n° 5 – maio/2011
Nesta edição do Boletim de Relações Internacionais do PSOL há vários artigos sobre a Al-Qaeda. Queremos destacar especialmente dois deles, escritos por dirigentes do Labour Pakistan Party, Farooq Tariq e Farooq Suhleria. Escrevem do país onde foi assassinado Bin Laden, e isso não é uma mera circunstância. O Paquistão é um país no qual a luta para construir um partido de esquerda socialista similar ao PSOL é, talvez, mais difícil. Eles sofrem uma dupla pressão. De um lado, um governo pró imperialista, inescrupuloso, direitista e corrupto como poucos, que jogou com várias caras e aparentemente enganou os EUA. De outro lado, o fundamentalismo islâmico muito forte, que gera uma terrível distorção no movimento de massas. Nessa difícil situação, o LPP cresceu bastante graças a sua participação intensa nas greves dos trabalhadores e na formação de novos sindicatos, tendo atingido a marca de 5 mil militantes. Ninguém melhor que eles para falar sobre o fundamentalismo islâmico, este inimigo ativo, que obscurece a construção do movimento anti-imperialista identificado com a transformação democrática radical, laica e socialista.
Além deste tema, tratamos também aqui da unificação entre o Hamas e o Fatah; da revolução da Tunísia que segue viva e de massas, derrubando presidentes provisórios e tudo o que ainda está ligado ao antigo regime; uma entrevista com Juan Barahona, líder da resistência hondurenha, explicando que a OEA não deve aceitar entre suas fileiras um governo herdeiro do golpe militar; a declaração do PSOL contra a postura de Chavez, que expulsou da Venezuela o jornalista crítico Joaquim Perez Becerra e o entregou a governo da Colômbia; a proposta falaciosa de Sócrates para resolver a crise em Portugal; e uma análise bastante completa das contradições do processo bolivariano na Venezuela.
Boa Leitura!
O show de horrores continua
Por Farooq Sulehria, Labour Pakistan Party (LPP)
O midiático assassinato da liderança máximada al-Qaeda, Osama Bin Laden, na casa blindada e bem armada no cênico vale de Abbottabad é incrível, em vários sentidos. Forado Paquistão, é difícil acreditar que Bin Laden estava sendo caçado dentro de um país aliado dos EUA na “guerra contra o terror”, mesmo que o General Musharraf oferecesse certas pistas. Na contra capa de seu célebre livro Na Linha de Fogo (In The Line Of Fire), escrito em 2006, está escrito: “Logo depois do 11/9 – quando muitos líderes da al-Qaeda fugiram do Afeganistão e cruzaram a fronteira do Paquistão – nós praticamos múltiplos jogos de gato-e-rato com eles. O maior deles. Osama Bin Laden, ainda está à solta no momento em que escrevo, mas nós pegamos muitos muitos outros. Capturamos 672 e entregamos 369 aos Estados Unidos. Nós ganhamos milhões de dólares em prêmios. Aqui, contamos a história de somente algumas das mais significativas caças”. ……LEIA MAISO sentimento de vingança não acabará com a morte de Osama
Por Farooq Tariq, do Labour Pakistan Party (LPP)
O General Mushraf estava praticando umjogoduplocomo imperialism oamericano. De um lado, se juntou à coalizão da “guerra contra o terror”, verificando a respiração dos fundamentalistas e para isso demandando mais e mais ajuda econômica e militar. Durante esse período, Bin Laden deve ter entrado no Paquistão No ano passado, a relação entre EUA e Paquistão se intensificou. Houve mais visitas dos chefes da inteligência em cada país. Os agentes da CIA deram amplo número de vistos sem perguntar coisa alguma. O Paquistão passou a reuni uma das maiores concentrações de agentes da CIA durante esse período. O governo dos EUA nunca tinha encontrado parceiro melhor, com corruptos fáceis de cooptar, e repleto de elementos antipopulares. A violação da soberania do Paquistão feita pelo governo americano não abalará verdadeiramente as relações entre os dois colegas. ..….LEIA MAISA Morte de Bin Laden “é muito menos importante que as revoltas populares no mundo árabe”
Entrevista com Robert Fisk por Richard Stubbs
“Penso que Osama Bin Laden deixou de ser relevante a muito tempo. Nos últimos meses assistimos ao despertar dos povos árabes, no qual milhões de muçulmanos árabes derrubaram seus próprios governantes. Bin Laden sempre quis terminar com Mubarak, Bem Ali e Khadaffi, além de outros governantes, acusando-os de serem infiéis, e serviçais dos EUA. Porém, pelos fatos se vê que milhões de pessoas comuns na Tunísia e no Egito acabaram com eles de forma mais ou menos pacífica. Não foi Bin Laden quem o fez, e nisso ele fracassou! É preciso recordar que estes regimes sempre disseram aos EUA que continuassem os apoiando, pois do contrário a Al-Qaeda tomaria o pode. E efetivamente não foi assim. É interessante que depois da queda de Mubarak, o primeiro que se soube de Al-Qaeda foi um chamado a derrotar Mubarak… Uma semana depois de que já o haviam derrubado! Foi patético” ……LEIA MAISUm Nobel sem escrúpulos
Por Atilio A. Boron
Da truculenta operação encenada nas cercanias de Islamabad, restam múltiplas interrogações sombrias. A tendência do governo dos Estados Unidos a desinformar a opinião pública torna ainda mais suspeita toda a operação. Uma Casa Branca vítima de uma doença compulsiva de mentir (lembremos da anedota das “armas de destruição em massa” existentes no Iraque, ou o infame Informe Warren que sentenciou que não houve conspiração no assassinato de Kennedy, obra de Lee Harvey Oswald, um“lobo solitário”) nos obriga a sermos meticulosos com cada uma de sua safirmações. ……LEIA MAIS
Tunísia, a revolução continua
PorPedro Fuentes,secretáriodeRelaçõesInternacionaisdo PSOL.
Último momento- Uma vez mais o povo tunisiano e sua juventude tomaram as ruas de Tunis e das principais cidadesdo país exigindo que a revolução continue, contra as manobras e o imobilismo do governo provisório de Beji Caid Essebsi. É o terceiro governo desde a queda de Ben Ali, e como os dois anteriores está agora na corda bamba. Nos dias 5 e 6 de maio, as mobilizações estouraram na periferia da capital. Com barricadas populares, ocuparam a avenida Burguiba no centro, fato que se reproduziu por todo país. Algumas lojas foram saqueadas e vários veículos incendiados. Se gritava: “Governo, demissão!! Por uma nova revolução!!”. ……LEIA MAISInforme da Conferência da Liga de Esquerda Operária
Tunísia, abril de 2.011
Por Pedro Fuentes,
secretário de Relações Internacionais do PSOL
1 – O secretário de Relações Internacionais do PSOL participou da Conferência da Liga de Esquerda Operária, a organização da qual faz parte nosso bem conhecido Amami Nizar, presidente do sindicato dos Correios e Telecomunicações. A conferência foi realizada em 24 de Abril. É a segunda viagem que fizemos a este país. Além de nós, do PSOL, havia representantes do NPA, da França, Sinistra Critica, da Itália, o PST da Argélia, LPP, do Paquistão, um grupo do Líbamo e Alan Krivine pela Quarta Internacional SU.
2 – A reunião contou com mais de cinqüenta sócios, de oito regiões da Tunísia e foi muito representativo de militantes que haviam sido parte ativa da Revolução Tunisiana. Havia vários líderes da envergadura de nosso conhecido, Amami Nizar, incluindo um líder dos professores de Tunis, sindicato muito ativo na revolução, um líder do sindicato dos médicos do setor público, além de vários outros representantes do funcionalismo público. Também estava presente uma delegação da juventude, composta por uma dúzia de jovens. Entre eles estava o líder da organização Universitário Graduados Desempregados, que na Tunísia representa um setor de 130 mil jovens. Havia também vários artistas de renome.A reunião contou, ainda, com a presença de duas dirigentes da Associação
Tunisiana das Mulheres Democratas, uma organização muito importante na Tunísia. Uma das militantes da Liga de Esquerda Obreira, Ahmel, Belhadj é a fundadora dessa organização e sua principal figura pública. Entre os participantes, encontrava-se também, um jovem que foi o principal coordenador da Kashba – como são chamadas as grandes concentrações realizadas na praça (de mesmo nome) para derrubar os dois governos sucessores de Ben Ali. Esse companheiro é dirigente na coordenação dos Comitês para a Defesa da Revolução, cuja função é centralizar as ações de todos os comitês de bairro existentes na capital do país. Outro grande destaque, foi a presença de Jalel, um advogado que foi muito perseguido na Tunísia e que, hoje, não exerce sua profissão e dedica-se integralmente à atividade partidária. Pude notar que esse companheiro é muito reconhecido por toda a vanguarda. Talvez, o mais reconhecido em toda a esquerda. Assim, que do ponto de vista da representatividade, a Conferência foi Assim, do ponto de vista da representatividade, a Conferência da Liga de Esquerda Operária teve grande peso.
3 – Grande parte dos participantes na Conferência eram militantes da Organização Comunista Revolucionária, uma organização que, em finais dos anos 80, foi severamente reprimida e quase foi dissolvido. Este grupo foi filiado à Quarta Internacional e também está representado no núcleo central da nova organização, a LEO. A esse núcleo, que tem formação programática sólida, de tradição trotskysta, somam-se novos quadros que surgiram no recente processo de revolução.
4 – Essa reunião, foi a primeira realizada em 20 anos, desde que foram golpeados pela ditadura. No início de 2001, houve um princípio de reagrupamento, mas foi parcial. O fato de terem conseguido realizar essa tarefa de reagrumaneto sem grandes dificuldades é uma grande vitória e deve-se ao triunfo da revolução democrática na Tunsía e à situação revolucionária que ainda está viva, além de sua tradição revolucionária. Esse é o elemento positivo. Mas, ao mesmo tempo, há que considerar que o encontro realiza-se com muito atraso, quatro meses depois do início da revolução. A ausência de organização no período teve o efeito de que, ainda que os dirigentes da LEO estivessem envolvidos com o processo revolucionário, eles não tenham aparecido como organização política, como fizeram outras organizações, em particular, o PCOT. Os três principais dirigentes da Liga de Esquerda Obreira têm consciência desse atraso.
5 – A reunião foi um avanço porque seus principais quadros defenderam a legalização do partido, a participação eleitoral, ainda que esses pontos não tenham sido o centro da discussão. Ao mesmo tempo, devemos ressaltar que essa decisão não foi unânime. Houve resistência de setores que avaliavam que a tarefa central era impulsionar a criação de duplo poder. A Liga tem pela frente uma dura tarefa. É uma organização com dirigentes qualificado e reconhecidos, mas, ao mesmo tempo, o grande período de ausência de organicidade fez com que se tenha perdido o sentido e o método de organização. O grande desafio é superar esse tempo perdido de aparecer publicamente como organização. Existe uma disposição para fazê-lo, mas a tarefa não é simples, dadas as características que descrevemos e, por isso mesmo, eles precisam da solidariedade internacional não só para poder fazer uma interlocução sobre os problemas que enfrentam, como também para fornecer ajuda material que viabilize a abertura de sedes, a produção de um jornal e a viagem de dirigentes pelo país.6- O PSOL, graças à tarefas realizadas com a vinda de Amami Nizar ao Brasil, contribuiu fortemente para todas essas tarefas. A viagem de Amami foi a primeira tarefa internacionalista concretizada pela Liga. Da parte da Secretaria de Relações Internacionais do PSOL, esse foi o passo mais importante que demos na consolidação de um relacionamento com outro partido. Seguramente, a revolução árabe facilitou a velocidade do encontro e, além disso, trata-se de um grupo de tradição trotskysta que tem, portanto, experiência de contato com a internacional. Eles chegaram à conclusão de que é necessário trabalhar também com os revolucionários da América do Sul por haver um sentimento de simpatia, já que tratam-se de países do terceiro mundo e, também, pela experiência que temos no enfrentamento de ditadutas e das posteriores aberturas políticas. Prova dessa relação é a carta que nos enviaram.
Nota da Liga da Esquerda da Tunísia para o PSOL
Da Tunísia com o coração cheio de fogo revolucionário, nós militantes da Liga de Esquerda Operária enviamos a vocês nossas saudações internacionalistas e revolucionárias.
Fazemos um agradecimento profundo por seu sincero apoio. Nós esperamos continuar nossas relações de uma forma permanente. Temos que destacar nossa grande estima ao trabalho do camarada Pedro Fuentes que, com sua experiência, em pouco tempo, pôs sobre o bom caminho nossa relação.
Acreditamos que estamos no mesmo caminho e pelos mesmos objetivos. Caminho revolucionário, pelo socialismo, a dignidade e a liberdade.
Viva o PSOL!
Viva a revolução tunisiana e árabe!
Viva a solidariedade internacionalista!
Pelo comitê executivo da Liga de Esquerda Operaria,
Jalel Zoghlami
Declaração do PSOL frente à entrega, pelo governo da Venezuela, do jornalista Joaquim Perez Becerra ao governo da Colômbia
No dia 25 de abril, Joaquim Pérez Becerra, jornalista da agência alternativa ANNCOL, foi deportado pelo governo Chávez para ser julgado pelo governo colombiano Juan Manuel Santos. O PSOL, que prática desde sua fundação uma política de defesa do processo bolivariano e do governo Chávez frente à burguesia nacional opositora e frente ao imperialismo, se manifesta contra esta lamentável medida que foi tomada. Joaquim Perez Becerra é um jornalista comprometido com as lutas do povo colombiano, que tem feito a sistemática denúncia da política para-militarista do ex-presidente Uribe. Sua entrega ao governo de Santos é um passo gravíssimo que vai deixar rastros no processo bolivariano. .…..LEIA MAISOs grupos palestinos enterram o machado de guerra após anos de disputas
De http://www.gara.net/Treze grupos estamparam ontem suas assinaturas no acordo alcançado no dia 27 de abril entre o Hamas e o Fatah, em um ato simbólico celebrado com a intermediação do Egito. Líderes de todos os grupos celebram hoje uma foto oficial. …LEIA MAIS
Líbano: Hezbolah elogia a reconciliação palestina
De http://www.prensaislamica.com/O Hezbolah elogiou, nesta sexta-feira, o acordo intermediado pelo Egito pela reconciliação entre os grupos rivais palestinos Fatah e Hamas, como o primeiro fruto da revolução popular que deve restaurar a posição natural do Egito. Em uma declaração pública para firmar posição sobre os passos da reconciliação entre grupos palestinos, o Hezbolah disse que saúda as medidas de unificação das forças dirigidas contra o inimigo sionista. Além disso, expressou sua crença de que o caminho da reconciliação entre Hamas e Fatah está destinado a reforçar a causa palestina e consolidar o movimento de resistência contra o inimigo sionista. ……LEIA MAIS
“Não se vive uma democracia em Honduras desde o Golpe de 2009″, afirma Juan Barahona
Entrevistado por “La Página” de El Salvador
Agora, neste momento em que se aproxima a Assembléia da OEA aqui em El Salvador se pretende espalhar a idéia de que Honduras é um país que vive numa democracia e respeita os direitos humanos; um país que merece, portanto, entrar novamente na OEA. Não podemos permitir tamanho absurdo: não podemos deixar que nos enxerguem como um país que vive em harmonia, coisa que não é verdadeira. Então, nosso objetivo é que nos países centro-americanos se conheça toda a verdade. ……LEIA MAIS
Sócrates aposta no “efeito bode”
Por Luís Leiria, do Bloco de Esquerda de Portugal. http://www.esquerda.net/O discurso de José Sócrates elogiando as virtudes do acordo do governo português com o FMI parece ter-se inspirado na sabedoria popular brasileira. Explico. Conta a história que um homem de uma aldeia se queixava que a sua vida era um inferno, porque a sua casa tinha apenas uma assoalhada e a sua família era grande. Um amigo deu-lhe um conselho: leva o teu bode para dentro de casa e volta daqui a uma semana. Passados os sete dias, a vida do pobre homem estava ainda pior: não só era um inferno, como o cheiro do animal se tornara insuportável. O amigo recomendou-lhe então: “Agora, tira o bode”. No dia seguinte, o homem irradiava de felicidade. Sem o bode em casa, a vida parecia sorrir-lhe. A mesma casa de uma assoalhada até parecia maior. A família estava contente. E viver sem aquele cheiro só o fazia sentir-se bem. É nesse “efeito do bode” que Sócrates aposta. ……LEIA MAIS
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