segunda-feira, 28 de março de 2011

Ceste-Estreito deixa o presente ao povo atingido pelo 'desenvolvimento'
Por Carlos Leen 
Concebe-se em termos exclusivamente técnicos, que uma usina hidrelétrica, além de ser um complexo arquitetônico, é um conjunto de obras e equipamentos que tem por finalidade produzir energia elétrica através da força hidráulica de um rio. Todavia para além das forças desenvolvimentistas poucas são as abordagens que consideram que esse empreendimento apresenta impactos que em muitos casos, são pouco relevados no momento de apreciá-lo.
Boa parte do setor energético no país vê nas construções de novas barragens a possibilidade de elevação a um nível macroeconômico de aceleração das forças produtivas. Aliados ao capital internacional esses empreendimentos pouco promoveram o debate público e quando o fizeram, não responderam satisfatoriamente às questões das populações locais provocando enormes passivos sociais para as comunidades que têm as suas terras inundadas e são obrigadas a deixar o local onde vivem.
Pra variar nessa historia toda, diversas famílias estão sendo vítimas de um erro primário do consórcio Ceste-Estreito, responsável pela obras da hidrelétrica de mesmo nome. É que com o fechamento das ultimas comportas, a água pelo visto “subiu um pouquinho mais” do que previra os técnicos do CESTE e acabou por desabrigar varias pessoas no município de Barra do Ouro, Tocantins, “O consórcio sempre deixou claro que os povoados a beira rio não seriam atingidos. No entanto no início do ano uma equipe do consórcio alojou-se na cidade e iniciou o levantamento de todo o povoado, sem sequer discutir conosco o porquê de tal medição de última hora”, afirmam os atingidos.
“Eles deram o prazo de 24 horas para nós sair e se não saísse, nós iria ser multado em até 27 mil reais e seria retirado por força policial”, declarou uma moradora. Ela conta que há cerca de 20 dias sua comunidade foi desocupada a força e as casas foram destruídas. Com um caminhão, a empresa transportou os pertences dos moradores, contrariando a vontade dos mesmos, que tiveram que deixar os animais, as fruteiras e muitas outras coisas pessoais. Segundo o relato, no dia da desocupação chovia muito e molhou toda a mudança das famílias, que agora vivem em quitinetes, na casa de parentes e/ou em casas alugadas. Leia aqui na íntegra a nota feita pelo Movimento dos Atingidos pela Barragem (MAB).
Pelo visto este será o desenvolvimento - presente de grego - deixado pelo Ceste-Estreito. O triste legado do nosso povo se repete em mais este episódio Novos empreendimentos como os da UHE Estreito saem agora da necessidade criada por empresas multinacionais e com a conivência total do Estado brasileiro, aprofundam um tipo de lógica que, como aqui demonstrado, beneficia apenas a uma parcela da sociedade. A Usina de Belo Monte pode ser outro exemplo. A impunidade ainda reina. Na foto acima, de branco, a direita, o Gerente Institucional do Ceste-Estreito, Isac Cunha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário.