quarta-feira, 30 de março de 2011

A necessidade da jornada de seis horas para bancários
Por Lourenço Prado, presidente da Contec, da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito
 

Trabalhar com dinheiro, valores e responsabilidades financeiras de terceiros gera uma tensão desumana. Várias pesquisas alertam para as conseqüências desse estilo de vida frenético dos profissionais bancários. Segundo levantamentos, a categoria está entre as que mais sofrem com doenças graves como cânceres de pulmão, de próstata e de estômago, além de diabetes e as doenças cerebrovasculares.
Ser bancário é estar estressado permanentemente. Isto porque, este profissional tem de administrar diariamente as cobranças do patrão ao seu dia a dia repleto de situações perigosas como  assaltos, golpes de estelionatários. Sem contar nos riscos permanentes de ser responsabilizado por erros no fechamento do caixa.O estresse aumentou ainda mais nos últimos anos. Hoje, os bancários trabalham ainda mais atentos, em estado de alerta, para ocorrências de lavagem de dinheiro, clonagem de dados e de documentos, movimentação de contas fantasmas, questões de sigilo e fraudes. E nesse contexto, aumenta ainda mais o clima de tensão no trabalho.
Some-se a esta situação de terror permanente, a pressão das chefias pelo cumprimento de metas e a multiplicação das atribuições, pois cada vez menos profissionais do setor são obrigados a dar encaminhamento a funções diferenciadas, simultaneamente.
As metas, hoje em dia, são um capítulo de terror à parte. Se as fraudes ensejam auditoria e a possibilidade do bancário se ver envolvido em processos de averiguação de crimes, as metas desumanas impostas são uma cruz na vida dos bancários, que acabam comprometendo até mesmo a jornada legal de trabalho. Mesmo assim, ao serem obrigados a uma péssima qualidade de vida funcional, com reflexos diretos na saúde e na vida, os bancários estão sendo constantemente ameaçados por decisões do Tribunal Superior do Trabalho. A referida corte tem emitido orientações jurisprudenciais nas quais questionam a jornada de seis horas dos bancários.
Alguns juízes estão respondendo à pressão dos banqueiros pelo aumento da jornada para oito horas diárias. Às claras não se falam, mas na verdade, essas decisões só querem evitar o pagamento das horas extraordinárias ou a contratação de mais profissionais.
Para o trabalhador bancário, as seis horas são humanamente necessárias. É um direito adquirido e que tem que ser mantido para proteger vidas. Porque, invariavelmente, o bancário trabalha maior parte do tempo sentado, tenso, preocupado e atento a tudo.
Manter a jornada de seis horas diárias é, portanto, uma questão de vida ou morte, literalmente. Por isso, a Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito) se mobiliza, em todos os níveis e instâncias, e busca o apoio permanente da opinião pública pela manutenção da jornada de 6 (seis)  horas.
Estamos trabalhando em favor da vida, em favor da saúde dos bancários. Estamos lutando por um direito e muito mais que isto, pela dignidade no ambiente de trabalho.

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