Juntas! na Oposição de Esquerda da UNE: por uma juventude feminista e radical
Em Juntas!
Foi em meio a uma série de palavras de ordem sobre os rumos da UNE e as barbaridades do governo Dilma, sobre as tragédias da construção de Belo Monte e da aprovação do Código (Anti-) Florestal, de apoio à luta internacionalista na Grécia e no Chile, dentre outras diversas, que traziam à tona o que havia de mais urgente na ordem do dia e era negligenciado pelas bancadas-base do governo federal, que percebemos a força da voz e da pauta das mulheres.
Os quatro dias passados em Goiânia, durante o período do 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes e, principalmente, durante o I Encontro Nacional do Juntos!, foram extremamente significativos para o fortalecimento da organização das mulheres em luta, indignadas com a reafirmação cotidiana do desrespeito, da subjugação, da retirada de direitos.
“Mulher, mulher, qual é sua missão? Dirigir a luta pra fazer revolução!”
No encontro de fundação oficial do Juntos!, a resolução referente à nacionalização do Coletivo Juntas! foi um dos diversos marcos que nortearão nossa organização a partir de agora. Seremos, no país inteiro, literalmente de norte a sul, um coletivo de mulheres dispostas a travar dia após dia, em todos os espaços que ocupemos, a luta pela nossa emancipação, sem nos calarmos diante das contradições.
É justamente por não nos furtarmos dos debates mais difíceis e por trazermos à tona os temas da conjuntura que tanto nos indigna e que buscamos transformar, é pela coerência da nossa luta que tornou possível uma das intervenções mais emocionantes do 52º CONUNE, quando mulheres e homens, de toda a Oposição de Esquerda unificada, tiraram as camisas e as giraram no ar, entoando palavras de ordem clamando pelos direitos das mulheres.
Foi a voz das mulheres ao megafone, na comissão de agitação e organização; foram centenas de mulheres buscando superar a opressão do padrão de beleza e os receios da exposição, normalmente tão opressores, e se libertando. Foram homens surpresos com o gesto e com a energia feminina e feminista. Foram bancadas inteiras caladas, silenciadas pela iniciativa e pela força da nossa organização.
Esse ato foi um grande exemplo de que a luta feminista se dá na política conjuntural mais ampla e é nesse contexto que se fortalece. As pautas trazidas à tona pelas mulheres da Oposição de Esquerda representam isso, já que são essas que se colocam à frente não apenas nessa luta, mas que encabeçam as lutas nas ruas (seja aqui, seja no Chile, na Espanha, nas Revoluções Árabes), marchas e nas universidades.
Como diria a palavra de ordem cantada pela Oposição, “sou feminista, sou radical, não dou capacho do Governo Federal”. A direção majoritária da UNE, os governistas, não poderiam ser (e não foram) a vanguarda dessa intervenção. Isso porque estão presos a um governo que, se simbolicamente representa um avanço ao colocar a primeira presidenta da República, na prática se mostra preconceituoso e preso à política machista, homofóbica, que cede para a bancada ruralista, para a bancada evangélica, que não deixa a luta avançar.
O silêncio que aquele ato trouxe para as outras bancadas foi sintomático: um misto de admiração, incredulidade, respeito. Um momento para ficar para a história da UNE e para histórias do feminismo nacional.
“Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede!”
As pautas específicas das mulheres não se colocam acima, nem abaixo das pautas gerais e da construção de uma nova sociedade, mas caminham juntas, se misturando, pois a relação entre o feminismo e o socialismo é de simbiose: um não pode existir sem o outro.
Da mesma maneira, o Coletivo Juntas! e o Juntos! se fortalecem mutuamente. Uma juventude indignada construindo um novo futuro, fortalecida por mulheres em luta, transformando o mundo todo.
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