terça-feira, 19 de julho de 2011

Nota de Jane Suely à Carta do "Setorial de Mulheres" do PSOL
Sou mulher, militante no PSOL/RN e não fui consultada sobre o conteúdo da carta do setorial das mulheres. Portanto, não são todas as mulheres que seguem assinando essa carta pois não concordo com o conteúdo da mesma. Vou apresentar algumas razões para isso:
1º - Sobre a questão do aborto: de forma direta e bem objetiva sou contra o aborto, a não ser que a mulher esteja correndo risco de morte ou como consequência de estupro (e nesse caso a mulher deve decidir sobre o assunto). E agora? Serei expulsa do partido por este posicionamento? A mulher é livre em não querer filhos (as), para isso a luta deveria ser pelo pleno funcionamento de políticas públicas que garantissem todos os métodos contraceptivos existentes, sejam eles os comportamentais (depende apenas dos envolvidos), de barreira, dispositivo intra-uterino (DIU), métodos hormonais ou cirúrgicos. 
A morte de mulheres que praticam aborto em clínicas clandestinas é usada como justificativa a favor do aborto. Esse olhar está equivocado! Se evitasse, não engravidaria consequentemente não teria a necessidade de abortar e não haveria mortes.
Já sei, o velho discurso de que a mulher faz o que quer com o corpo dela virá nas respostas desse meu e-mail. Mais uma vez repito, faça o que quiser com seu corpo escolhendo qual método quer utilizar. Inclusive deve fazer o que quiser tendo consciência das consequências dos atos. Isso também não é consequência da luta por espaços e direitos? Só não devemos esquecer os deveres, sejam eles de cidadã ou mulher.
Estou no PSOL por saber que as minorias também têm voz. Se faço parte dessa minoria, ou se sou apenas eu contra aborto, o partido não deve amarrar um ponto de vista como visão final do mesmo. Nem mesmo o setorial de mulheres deve se arvorar de uma maioria para impor às outras mulheres algo que não se tem consenso e que é tão polêmico. Não estou nem entrando no mérito se o feto é ou não extensão da mulher ou se já tem vida ou não.
Quero expressar aqui que para mim o assunto sobre aborto não seja empecilho para filiação de ROSE BASSUMA. Mais uma vez repito, não assino o repúdio publicado pelo setorial de mulheres.
2º - Por ela ter sido filiada a outro partido: quantos hoje são do PSOL e que foram dirigentes do PT? Eram diferentes ou também estavam na mesma condição que ela estava? Qual a diferença? Vocês querem me dizer que lá não existem mais pessoas que podem vir para o PSOL?
Como era a postura dela dentro dos outros partidos? Defendeu ou praticou algo que prejudicasse a sociedade brasileira? Foi pega em corrupção? Isso sim para mim seria algo contra a filiação dela.
Quem sou eu para julgar uma pessoa que passou pelo PV se o próprio partido teve diálogo com o mesmo?
Qual será o real motivo dela não ter ficado no PV? Será que foi mesmo o que vocês estão apresentando? Será que ela não discordava do que estava acontecendo dentro do PV? Vocês perguntaram para ela?
Companheiras, vocês disseram que ela sempre se aliou com a direita brasileira. Pergunto: se ela era filiada ao PT, então em toda a história do PT os filiados se aliaram à direita? Se for sim, então quem veio do PT e fundou o PSOL também se aliava à direita? Eu acho que não, conheço pessoas que não se comportavam assim. Acho que essa colocação não ficou bem definida.
Para mim, ela ou qualquer outra pessoa tem que seguir resolução do PSOL depois que estiver dentro do partido, não esquecendo-se que a maior resolução está no nosso estatuto quando nos dar o direito de não cumprir decisões diante de objeções de natureza religiosa.
Para finalizar, como só tenho uma visão dos fatos, novamente sou contra a carta do setorial de mulheres e tenho certeza que muitas outras mulheres do PSOL assinariam esta reposta que acabo de postar.
Jane Suely C. Damasceno
Secretária Estadual do PSOL/RN
Dirigente do SINTEST/RN
Titular do CONSAD/UFRN

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