Carta Aberta
Por Daciolo Recentemente foi muito debatida a minha filiação ao PSOL e a possível candidatura ao cargo de governador do Rio. Antes de mais nada, gostaria de afirmar que a minha filiação ao partido vem ao encontro de um processo constante de amadurecimento político, que nasceu na luta por um mundo melhor e menos desigual. Acho que todos nós, humanos em um sistema desumano, devemos aprender e dialogar a cada passo, respeitando a dignidade de todos. Eu espero aprender com todos, e, do mesmo modo, trazer aos novos companheiros de luta a realidade tão dura dos quartéis, que parece ainda distante para a maioria de vocês. Desse modo, todos nós podemos melhorar nossa avaliação sobre a realidade como um todo, e agir de forma unida. Somente juntos seremos fortes. Aprendi isso com meus companheiros dos bombeiros e estou buscando isso dentro do partido. Escolhi o PSOL porque sou contra a lógica de exploração do trabalhador em favor dos grandes empresários.
Essa exploração não se limita ao setor privado. A covardia do sistema faz com que o servidor público esteja sujeito a todo tipo de arbitrariedade e ordens ilegais, que prejudicam a população para beneficiar os velhos bandidos de sempre. No caso dos policiais e bombeiros isso é ainda mais grave. O uso das forças de segurança por interesses privados resulta em tragédia e perda de vida, principalmente entre a população excluída e os próprios militares. E, como agravante, qualquer tentativa de luta por melhores condições é reprimida com cadeia e ameaça. No meu caso, fui preso em Bangu I. Não sei quantos de vocês já estiveram sob custódia em um presídio de segurança máxima por lutar por seus direitos e por condições dignas de trabalho. É uma realidade que eu não desejo à ninguém. E não quero viver de novo.
Infelizmente, no dia 5 de abril de 2013, novamente eu enfrentarei essa ameaça, respondendo injustamente por motim armado e formação de quadrilha. Não são só as forças de segurança que servem interesses privados dentro do Estado. A justiça também age de forma covarde e política, como todos sabemos, criando várias mentiras que pelos donos do poder viram fatos. Por exemplo, eu nunca andei armado para responder por motim armado. Sou perseguido até a minha residência por gente que anda armada e nunca contei com nenhum tipo de segurança. Fazem acusações sobre uma série de atos de vandalismo, atos esses que nunca contaram com o meu apoio, cuja autoria nunca foi comprovada, e que pelo meu entendimento podem ter partido inclusive de gente disposta a denegrir a imagem dos policiais, enfraquecer o movimento dos servidores, e garantir o lucro do carnaval, tanto no Rio, quanto na Bahia. Eu deixei o estado com o Juiz Federal, José Barroso Filho (membro da Associação dos Magistrados Brasileiros) e com o Deputado Federal Mendonça Prado (Presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados), para auxiliar a negociação da greve. Estava acompanhado de parlamentares estaduais e federais, do general Gonçalves Dias, do vice governador da BA, etc. A Greve no Rio sequer existiu. E eu fui preso em Bangu I, ilegalmente, sem mandato, por causa de escutas que nunca me relacionaram a nenhum ato ilegal ou desordeiro, nunca foram divulgadas e que oficialmente só o Jornal Nacional teve acesso. Houve no Rio um movimento de repúdio à minha prisão, que gerou outras dezenas prisões em Bangu I, além da expulsão de PMs e de bombeiros de suas corporações.
Mesmo com o meu segundo pedido de habeas corpus negado, eu espero no dia 5 ser absolvido. Voltar a ter ao convívio tranquilo da minha família, apesar de terem tentado roubar a minha dignidade e terem roubado o meu trabalho. Quero ser livre, me organizar melhor na luta, e gostaria de contar com ajuda do partido e da esquerda unificada de um modo geral. Ao me INCRIMINAR anulam qualquer possibilidade de candidatura através da lei da "FICHA LIMPA". Maior do que a minha pessoa é a importância de lutar pelo direito do cidadão de se organizar como trabalhador e se livrar do assédio moral, incluindo policiais e bombeiros. É esse debate que eu espero trazer. Agradeço o apoio, compreensão e o comprometimento de todos vocês com a luta do trabalhador.
Benevenuto Daciolo
LUTAR POR DIREITOS NÃO É CRIME! JUNTOS SOMOS FORTES!
Segue o número do meu processo no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia: 0317314-48.2012.8.05.0001
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