Vergonha para o DF
Por Tatyana Luz,
É muito fácil jogar toda a culpa deste grave acidente no motorista. 'Os motorista são irresponsáveis, correm demais, são ignorantes, não respeitam passageiros'.
Eu diria mais como usuária e observadora, eu digo que os motoristas e cobradores são agredidos por usuários levando toda a culpa da irresponsabilidade das empresas, pois se um ônibus apresenta problemas e anda lento, o que eles ouvem são "motorista pé de cachorro", "tira o pé da minha janta" em contar as palavras de baixo calão, quando os rodoviários reivindicam seus salários e os empresários usam isto como tripé para aumento de passagem... o aumento da passagem para os usuários são culpa dos rodoviários.
Além disso, tem que aguentar o péssimo trânsito, que o fluxo de carro aumenta a cada dia devido a ineficiência e ineficácia de um transporte público humilhante pelo qual os usuários que não possuem um plano B, devam se sujeitar. E não satisfeitos, as empresas cobram dos funcionários sem dar condições de trabalho decentes como ônibus sucateado, agredindo os timpanos e a saúde de quem circula seis horas ou mais por dia em um veículo assim. "Conheço motorista que perfurou os dois tímpanos, devido ao ruido absurdo do motor de um onibus velho".
Não anulo que existam funcionários e funcionários, que existam realmente rodoviários que agridem e desrespeitem os usuários como já pude presenciar.
Mas, alguém parou para pensar no psicológico de quem lida todo dia com gente de todas as espécies, que não tem condições humanas de trabalho e possui muita cobrança??
Esta situação caótica é reflexo, da falta de fiscalização por parte do Governo, falta de compromisso do Governo com a população, falta de ética das empresas e acima de tudo o conformismo da população, que paga caro e se sujeita à humilhação cotidiana. E quando cobramos como eu pessoalmente já cobrei o Governo ouço a frase "estamos estudando o caso", enquanto isto nossos empregos e vidas correm risco de morte.
DFTrans promete lançar edital para licitar ônibus para substituir antigos
Thiago Lins - Especial para o Corrreio
Publicação: 22/08/2011 08:10 Atualização: 22/08/2011 08:17
Quem utiliza o sistema público de transporte coletivo do Distrito Federal sabe que tragédias como a que tirou a vida de três pessoas na última sexta-feira em Sobradinho são reflexo do péssimo serviço oferecido pelas empresas de ônibus à população da capital da República. Medo, demora, falta de compromisso por parte dos motoristas dos coletivos, condições precárias dos carros, tarifas caras. Esses são apenas alguns dos problemas enfrentadas pelos 1,2 milhões de brasilienses reféns do sistema de transporte. O veículo envolvido nas mortes de um pedestre, ainda não identificado, do mototaxista Erudá Barreira de Souza Filho, 21, e da professora Cristiane Mulim Venceslau, 34, na Quadra 11 da cidade, tem 11 anos de uso, quatro a mais do que o permitido por lei.
O gerente de tráfego do Grupo Amaral, Wilson Tavares da Silva, assegurou que, no dia da tragédia, o carro tinha passado por uma vistoria realizada pelo Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), órgão responsável pela fiscalização da frota, e que foi liberado. “O ônibus estava apto para as atividades, tanto que os fiscais fixaram a aprovação no veículo. Mas não sei o que aconteceu, não posso me precipitar antes do resultado da perícia”, declarou Wilson ao Correio. Ao ser questionado sobre a idade do coletivo, ele não soube informá-la , mas afirmou que “dependendo do estado de conservação, a idade é o de menos”.
No entanto, o DFTrans afirmou que o ônibus da Linha 512.1 envolvido na tragédia integra os 45% dos 3 mil carros que já ultrapassaram o limite imposto pelo governo. Segundo o diretor-geral do DFTrans, Marco Antônio Campanella, a estatal lançará amanhã um edital para a compra de novos ônibus. “Colocaremos 900 carros convencionais para substituir os 800 que fazem parte da frota excedente”, adiantou. Ele afirmou ainda que os veículos em circulação atualmente estão devidamente habilitados. “Todos os coletivos que passam por inspeção e não são liberados retornam para a garagem da empresa e só podem voltar a rodar depois dos reparos.”
Por outro lado, quem dirige esses ônibus sofre o estresse diário da sobrecarga de trabalho. De acordo com o gerente de tráfego do Grupo Amaral, o motorista envolvido no acidente em Sobradinho, Wilson Augusto da Costa, 44 anos, nunca apresentou problemas de comportamento. “É um funcionário exemplar e nunca tivemos problemas com ele. Ainda não sabemos o que irá acontecer com ele. Amanhã (hoje), ele se apresentará ao trabalho”, disse o gerente de tráfego do Grupo Amaral, que não soube informar qual é a carga horária do motorista.
Wilson acredita não haver pressão por parte da empresa. “A jornada é light. Mas é claro que não podemos esquecer que o trânsito atrapalha”, pontua. Não é o que pensa a professora do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) Débora Barem. Especialista na área de gestão de pessoal, ela destaca que a tensão enfrentada por quem trabalha no trânsito reflete física, emocional e psicologicamente nos motoristas de ônibus. “Falamos que isso é o sofrimento do trabalho. As empresas de ônibus atuam com controle extremo. E, pressionados, tendem a descumprir uma série de regras. Isso faz com que esqueçam da segurança dos passageiros”, explica.
Usuário do transporte público, o encarregado de obras Nilson Lourenço Teles Chaves, 32 anos, diz que o serviço das empresas de ônibus deixa a desejar. Para ele, é preciso reciclar não apenas a frota, mas também os motoristas. “Eles são muito imprudentes. Correm mesmo”, conta.
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